Joachim Curtius – Últimas notícias sobre as mudanças climáticas

Sobre o Prof. Dr. Joachim Curtius 

O cientista, Joachim Curtius é Professor da Goethe Universität, Frankfurt, Alemanha, no Instituto para o Estudo das Ciências Atmosféricas e Ambientais. Ele possui doutorado em Física Nuclear e Pós-doutorado no Max Plank Institute para Física Nuclear, na Divisão de Ciências Atmosféricas-– Heidelberg – Alemanha&Post Doc no Instituto Nacional Oceânico e Atmosférico (NOAA), Boulder , Colorado – EUA. 

Áreas de Pesquisa: Aerosol atmosférico, nucleatização aerosol e percussores de gases aerosol, ions atmosféricos e cadeias atômicas, nucleatização do gelo, composições aerosol, gases atmosféricos, interação de nuvens , emissões de gases produzidos pelo tráfico aéreo e seu impacto sobre o clima.

Premiação recebida – Melhor cientista do ano para 2017 pelo Alfonsand Gertrud Kassel-Foundation. 

 

Prof. Dr. Joachim Curtius 

 

1.Entrevistadora Zélia M. Bora – Professor Curtius, a comunidade externa aos domínios científicos ficou estarrecida e vacilante após as alegações feitas durante a Cúpula de Copenhague em 2009, acusando a comunidade científica de conspirar no que se diz respeito aos problemas da mudança climática. O que está acontecendo hoje, em 2018? Que fatos o público não especializado pode aceitar como verdadeiros? E quais fatos não são? Afinal de contas, esse é o maior desafio que o nosso planeta enfrenta como uma questão de vida ou morte.

Entrevistado Joachim Curtius – Acho que com o tempo ficou muito claro que não havia absolutamente nenhuma razão para essas alegações. O esforço se escreve um extenso relatório de mais de 1000 páginas, contendo uma enorme quantidade de dados, é enorme e não surpreende o fato de existirem alguns pequenos erros. Esses erros não podem ser evitados em um documento desta dimensão e isso não significa que as mensagens principais não sejam corretas. Do contrário, ao reunir o relatório do IPCC, a comunidade de cientistas do clima está organizando uma excelente revisão que resume e avalia uma enorme quantidade de estudos científicos individuais.A síntese de todos esses estudos é completamente consistente: o clima está mudando muito rápido e as ações humanas– especialmente provenientes da liberação de CO2 oriundas do consumo de combustíveis fósseis e da queima de florestas tropicais – é a principal causa dessa mudança. Não há dúvidas sobre isso. E este fato deve ser aceito como verdadeiro, mesmo que seja inconveniente. Isso significa que devemos repensar drasticamente nossos modos de produção e consumo de energia. Nós também temos que encontrar maneiras de proteger as florestas tropicais do desmatamento e dos incêndios.

2. Z. Considerando as atividades humanas, como o desmatamento, a utilização de combustíveis fósseis e outras atividades industriais, principalmente no século XXI, perguntamos como essas mudanças estão associadas a catástrofes como secas severas, incêndios e inundações em todos os continentes?

J. Existe um forte consenso entre os cientistas do clima de que eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas, incêndios florestais e precipitação extrema aumentam em decorrência das mudanças climáticas. Embora seja muito mais difícil prever quais serão as regiões que serão afetadas drasticamente pela intensidade desses eventos climáticos, está claro que haverá extremas mudanças que afetarão negativamente a população dessas regiões. 

3. Z. Como cientista, você acredita que os esforços expressos no Protocolo de Quioto foram efetivos na redução de emissões de dióxido de carbono e de outros cinco gases de efeito estufa? Como as políticas nacionais de países como a China e outros países em desenvolvimento, por exemplo, impactam os esforços de minimização do efeito estufa?

J. Os Protocolos de Quioto foram o primeiro passo na direção correta. Entretanto, muitas outras medidas precisam ser seguidas em uma escala de tempo muito curto que possibilite ainda evitar as consequências das mudanças climáticas. Dar espaços a acordos como os de Paris não são suficientes para limitar o aquecimento climático para menos de 2º centigrados. Todos os países têm de se comprometerem para uma redução das emissões, especialmente, claro, os países industriais como os Estados Unidos, mas também países como a China, que aumentou a emissão  de CO2 imensamente nas últimas duas décadas. As políticas nacionais precisam reduzir essas emissões muito rapidamente agora.

4. Z . Quão importante é o papel dos Estados Unidos para ratificar a transmissão dos efeitos do aquecimento global sobre a vida no planeta?

Os EUA também têm uma grande responsabilidade nesse processo. Os EUA são o segundo maior emissor de CO2 no planeta e, das históricas emissões do século XXI, eles são responsáveis por uma fração bastante grande das emissões acumuladas. Ao mesmo tempo, eles têm os recursos financeiros e o know-how necessários para implementar mudanças que são imprescindíveis para realizar a transição de combustíveis fósseis para energias renováveis. É extremamente importante que os EUA assumam a responsabilidade de reduzir suas altas emissões no futuro próximo e imediato. Talvez os crescentes danos causados por incêndios florestais no sudoeste dos EUA conduzam a uma mudança na percepção e permitam o início das ações necessárias.

5. J. Considerações finais

O tempo para mudar completamente a produção de energia global de combustíveis fósseis para renováveis é extremamente curto, e essa transição necessitará de esforços de todos. Temos, também, de proteger o restante de nossa vida selvagem, especialmente a preciosa biodiversidade das florestas tropicais.

 

Frankfurt, 22 de novembro de 2018.

 

 

Tradução para Língua Portuguesa/Translation to portugese language: 

Willian Dolberth e Yuri Molinary

Revisão do texto em português/ Review of the text in Portuguese: 

Evely Libanori   (Universidade Estadual do Paraná)

Equipe ASLE-Brasil para essa entrevista/ ASLE-Brasil team to this interview: 

Antonio Felipe B. Neto – Suporte Técnico/Technical support ( Universidade Federal da Paraíba) 

Willian Dolbert (Universidade Federal do Paraná)

Yuri Molinary (Universidade Federal do Paraná)

Zélia M. Bora( Universidade Federal da Paraíba)

 

 

 

 

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