A natureza em o som da montanha de Yasunari Kawabata

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  • Ernesto Atsushi Sambuici
  • Cristina Rosaga
  • Saturnino José Valadares Lopes
Palavras-chave: ecocrítica, impermanência, Natureza, kigo

Resumo

O som da montanha, publicado em 1954, é um dos romances de destaque de Yasunari Kawabata. O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma leitura dando ênfase a um dos principais aspectos, tanto em O som da montanha, quanto em outros romances de Kawabata: a função que a Natureza ocupa na obra. Observa-se que além do papel embelezador, a Natureza está intimamente interligada à evolução dos personagens e à sua psicologia, possuindo uma função simbólica tal qual o kigo na poesia haiku. Kawabata deixa transparecer, como um meio de caracterizar melhor a agonia do protagonista, o ciclo da vida com o nascimento, a juventude e o envelhecimento dos elementos naturais que, a cada passo, ou vão perdendo o viço ou são substituídos pelos mais jovens. Com isso, consegue construir não só dicotomias entre o novo e o velho, o presente e o passado, mas também caracterizar a evolução e a transformação, além da noção de efemeridade do conceito budista de impermanência e consequente ecofobia. Signos como o “som" da montanha, assim como do mar e do céu, surgem no romance e expressam os pilares da trama e destacam ainda mais a importância da Natureza para a interpretação da obra.

Referências

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Publicado
2019-11-05
Seção
Dossiê temático