A Alma dos Animais

Ciência e Espiritismo

  • Carmela Ferreira Tacaná
  • Heloísa Helena Siqueira Correia
Palavras-chave: Animals; Soul; Intelligence; Spiritualism; Science

Resumo

O presente artigo tem como proposta abordar duas obras da professora Irvênia Luiza de Santis Prada, A alma dos animais (2018) e A questão espiritual dos animais (1998) para, por meio delas, refletir sobre as intertextualidades possíveis entre o discurso científico e o discurso metafísico, notadamente aquele que fundamenta o espiritismo, no que diz respeito especificamente à questão da inteligência/mente/alma dos animais A leitura da primeira obra da pesquisadora enfoca os aspectos científicos - a respeito da comprovação de que os animais, assim como os humanos, possuem a dimensão “mente” - e metafísicos, relativos à existência do princípio espiritual/inteligente dos animais; na segunda, explora-se principalmente o primeiro capítulo, no qual consta vasta investigação das obras espíritas sobre a verdadeira natureza dos animais, em um evidente esforço da autora na construção de relações discursivas/intertextuais entre os aportes teóricos da ciência e da metafísica que fundamenta o Espiritismo. As produções em análise visam demonstrar que os animais não são movidos apenas por instintos, mas também por inteligência, no cumprimento das sucessivas etapas da jornada evolutiva, seja a propugnada pelo evolucionismo científico ou pelos pressupostos metafísicos do espiritismo. A finalidade deste exercício de reflexão é destacar criticamente os pontos de contato discursivos estabelecidos pela autora entre ciência e espiritismo, no que diz respeito à natureza dos animais. Faz-se, em seguida, uma aproximação das ideias da pesquisadora, constantes das produções analisadas, com a metafísica em que se fundamenta o espiritismo, principalmente por intermédio de O livro dos espíritos (2013), que compõe o pentateuco de Alan Kardec, também referido como codificação espírita. As obras de Irvênia Prada comprovam que, do ponto vista científico, os animais são seres sencientes - possuindo todos os atributos inerentes a essa condição, como inteligência, memória e capacidade de aprender. O espiritismo, por sua vez, concebe os animais categoricamente como seres de essência espiritual e tomam a inteligência como um atributo dos espíritos. A intertextualidade que se pode pontualmente identificar na leitura das obras permite perceber que ambas as posições – científica e metafísica - consideram os animais como seres inteligentes. E a partir de ambas as dimensões, portanto, desponta a necessidade da transformação ética nas relações entre os seres inteligentes e sensíveis, animais humanos e não humanos. Ciência e metafísica fornecem conhecimentos que podem vir a ser os alicerces para a transformação da conduta humana em sua relação com os animais, com efeitos equivalentes na conduta dos humanos, quer sejam cientistas ou não.

 

Referências

GULÃO, Marcelo. O método de Alan Kardec para investigação dos fenômenos mediúnicos (1854 – 1869). Dissertação (Mestrado em Saúde) – Universidade federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2014. Disponível em: http://repositorio.ufjf.br:8080/jsui/bitstream/ufjf/513/1/marcelogulaopimentel.pdf. Acesso em: 23 de julho de 2021.

KARDEC, Alan. O livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. Ed. 131º. Rio de Janeiro: FEB, 2013.

PRADA, Irvênia. A questão espiritual dos animais. São Paulo: FE Editora Jornalística Ltda., 1998

PRADA, Irvênia. Medicina Veterinária e Espiritualidade. MEDVESP - Medicina Veterinária e Espiritualidade FMVZ-USP. São Paulo, 2011.

PRADA, Irvênia. A Alma dos Animais. Matão (SP): Casa Editora O Clarim, 2018. E-book Kindle.
Publicado
2022-01-15