Eco-horror e alegoria animal pós-colonial em a chave do tamanho, de Monteiro Lobato
Resumo
A utilização da alegoria animal para representações humanas e sociais é recorrente nos gêneros literários bestiários, fábulas e poemas de cordeis. Monteiro Lobato em A Chave do Tamanho (1942) faz uso dela com o intuito de problematizar e hiperbolizar uma crise ambiental e a domesticação comum no meio rural brasileiro. Isso se agrava em relação á s personagens com esse comportamento dirigido aos insetos, mas por outro lado elas são vítimas de aves antes dominadas
no espaço doméstico do sítio. Considerando o gênero eco-horror cujas características de mudanças nos comportamentos animais devido á s alterações na natureza pelos humanos são apontadas por teóricos de estudos pós-coloniais a partir dos quais se denuncia as ideologias humanas contra os animais na literatura, e o conceito de alegoria como uma metáfora continuada de interpretações paralelas e sentidos comuns entre si, apontaremos o construto antropocêntrico em torno dos vertebrados e invertebrados na narrativa lobatiana. Concluiremos que tanto humanos quanto animais são reificados por discursos de domesticidade e racistas, denúncia que corrobora uma democracia ambiental de todos os seres.
Referências
ALMEIDA, Simão Farias. Monteiro Lobato e a problemática da nação: um projeto dialógico e negociado. João Pessoa: Ideia, 2011.
CAMPOS, André Luiz Vieira de. A República do picapau amarelo: uma leitura de Monteiro Lobato. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
COELHO, Nelly Novaes. Panorama histórica da literatura infanto-juvenil: das origens indoeuropéias ao Brasil contemporâneo. 3. ed. São Paulo: Quíron, 1985.
GAMBIN, Lee. Massacred by mother nature: exploring the Natural Horror Film. Baltimore, Maryland: Midnight Marquee Press, 2012.
HUGGAN, Graham; TIFFIN, Hellen. Postcolonial ecocriticism: literature, animals, environment. London: Routledge, 2010.
LAJOLO, Marisa. Emília, a boneca atrevida. In: MOTA, Lourenço Dantas; ABDALA JÚNIOR, Benjamin. Personae: grandes personagens da literatura brasileira. São Paulo: Ed. SENAC, 2001.
LOBATO, Monteiro. Fábulas. 2. ed. São Paulo: Globo, 2010.
LOBATO, Monteiro. Caçadas de Pedrinho. São Paulo: Brasiliense, 2005.
LOBATO, Monteiro. A Chave do Tamanho. 42. ed. São Paulo: Brasiliense, 1997.
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. São Paulo: Brasiliense, 1995a.
LOBATO, Monteiro. O Minotauro. São Paulo: Brasiliense, 1995b.
LOBATO, Monteiro. Memórias da Emília. São Paulo: Brasiliense, 1994.
LOBATO, Monteiro. O poço do Visconde. São Paulo: Brasiliense, 1993.
RICOUER, Paul. A metáfora viva. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2000.
RUST, Stephen; SOLES, Carter. Ecohorror special cluster: living in fear, living in dread, pretty soon we’ll all be dead. Interdisciplinary Studies in Literature and Environment - ISLE, v. 21, n. 3, p. 509-512, apr. 2014.
Copyright (c) 2019 Revista Interdisciplinar de Literatura e Ecocrítica

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.

